ESCULTE DOBRADO BATISTA DE MELO

domingo, 17 de abril de 2011

PIXINGUINHA

        Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha (1897-1973), nasceu no Rio de Janeiro. Estimulado por sua família de grande tradição musical, demonstrou desde a primeira infância enorme talento, tornando-se ao longo dos anos flautista, saxofonista, compositor e maestro. É autor de melodias clássicas do repertório popular nacional, como “Carinhoso”, “Lamento” e “Rosa”. Sua obra é reconhecida internacionalmente, sendo gravada até os dias de hoje.
Teve como primeiro instrumento o cavaquinho, o qual aprendeu observando seus irmãos mais velhos Léo e Henrique. Em pouco tempo passou a acompanhar o pai, músico de choro, que o levava a bailes.
 Pixinguinha foi um menino prodígio, tocava cavaquinho com 12 anos. Aos 13 passava ao bombardino e a flauta. Até hoje é reconhecido como o melhor flautista da história da música brasileira. Mais velho trocaria a flauta pelo saxofone, pois não tinha mais a firmeza e embocadura necessárias.
Misturou a então incipiente música de Ernesto Nazareh , Chiquinha Gonzaga e dos primeiros chorões com ritmos africanos, estilos europeus e a música negra americana, fazendo surgir um estilo genuínamente brasileiro. Arrajou os principais sucessos da então chamada época de ouro da música popular brasileira, orquestrando de marchas de carnaval a choros.
Foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil. Era um músico profissional quando boa parte dos mais importantes músicos eram amadores (os principais chorões eram funcionários públicos e faziam música nos horários de lazer). 
Quando recebeu um convite para tocar na sala de recepção do cinema Palais, em 1919, formou um grupo que o tornaria mundialmente reconhecido, os Oito Batutas. Com esse grupo excursionou pela Argentina e passou uma longa temporada em Paris. Formou também diversos admiradores no próprio Rio de Janeiro, entre eles Rui Barbosa, Arnaldo Guinle e Ernesto Nazareth.
Em 1929, foi inaugurada no Rio de Janeiro a RCA Victor do Brasil. A empresa promoveu concurso para orquestrador, no qual Pixinguinha se inscreveu com uma orquestração de “Carinhoso”, obtendo o primeiro lugar. No ano de 1933, diplomou-se em teoria musical no Instituto Nacional de Música e passou a dirigir diversos grupos musicais. Com Benedito Lacerda, passou a fazer parceria no ano de 1946, dedicando-se ao saxofone e tendo gravado seus choros mais famosos, entre os quais “ Um a zero”, “ Sofres porque queres” e “Ainda me recordo”. No decorrer das décadas, ainda realizaria diversas gravações, entrando na era do LP, onde registra um disco antológico de 1968, Gente da antiga, produzido por Hermínio Bello de Carvalho para a Odeon, com a participação de Clementina de Jesus e seu grande amigo João da Baiana.
Em 2000, o Instituto Moreira Salles recebeu a guarda do arquivo pessoal de Pixinguinha, diretamente de sua família. Composto por documentos pessoais, medalhas, troféus, álbuns com recortes de jornal, centenas de fotos, registros de memória oral realizado por seu filho Alfredo da Rocha Vianna Neto e a flauta utilizada por muitos anos pelo músico, possui em seu núcleo principal um grande lote, com cerca de mil conjuntos de partituras. Esse é um precioso legado da história do arranjo de música no Brasil, que reafirma sua grandiosidade por meio de sua obra orquestral. Após um cuidadoso processo de digitalização e catalogação, o conjunto está sendo minuciosamente estudado por um colegiado de músicos que dominam a linguagem da música formal e do choro para, em futuro breve, ser entregue ao público revisado e editorado em software de última geração.

Um comentário:

  1. Não é por tanto que estamos homenageando ele no festival de choro.

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